Des_Escola de Arquitetura
Está nascendo a Des_Escola de Arquitetura. A versão inicial será na primeira semana de Julho no Sítio Beira Serra em Botucatu. Trata-se de um programa de 8 dias de imersão (29/06 a 07/07) para desenvolver habilidades de projeto e construção em arquitetura de baixo impacto ambiental e impacto social positivo.
CONCEITO:
A Des_Escola é o lugar em que o conhecimento é desenvolvido a partir do território, parte do princípio de que não é necessária uma edificação denominada escola para que ocorra o processo pedagógico. Entende-se que, o processo de aprendizagem ganha intensidade em espaços reais, ou seja, aprendemos quando conseguimos associar a experiência do outro com a nossa própria experiência, e também, estamos abertos ao novo quando a troca de saberes acontece por meio do afeto. Territórios “vivos” favorecem a comunicação não só pela mente, mas também pelos sentidos, as experiências são impulsionadas pelo coração. A Des_Escola acontece em espaços onde os ciclos de vida se manifestam, onde pode-se observar o sol nascendo, as crianças brincando e pessoas trabalhando. Na hora das refeições o cheiro da comida anuncia um novo ciclo.
O lugar “real” é a fusão entre o meio e a sociedade, o ambiente e a cultura que se formam no tempo e espaço. A educação é integral sabe-se Por que Fazer, Onde Fazer, Para quem Fazer e Como Fazer.
Quando a Des_Escola é de Arquitetura, existem dois conhecimentos específicos para serem desenvolvidos no território: O projetar e o construir. Projeta-se a partir do reconhecimento da paisagem, lugar onde a natureza se moldou por diversos fenômenos e que a humanidade ocupou a partir da interação com o ambiente. Constrói-se paisagem no território. Assim, neste contexto pedagógico ocorrerá o equilíbrio entre o fazer na paisagem e projetar com a paisagem.
Para isso serão facilitados processos de leitura da paisagem, posteriormente reflexões sobre como intervir no território e finalmente criar propostas de ação, no caso, a construção de uma pequena casa conceitual. Paralelamente, ocorrerão atividades de construção, para que o mental, muscular e criativo se conectem e o processo pedagógico seja integral.
A proposta da Des_Escola de Arquitetura é de investigar por meio do projeto e construção protótipos habitacionais (escala 1:1) que poderão servir como aprendizado para outros contextos como, bairros periféricos, agrovilas e comunidades intencionais. O teste será feito em um espaço protegido, que é o Sítio Beira Serra e após o teste de técnicas, materiais, construção e no uso e ocupação do espaço, poderá se entender quais melhorias deverão ser feitas nas próximas experiências.
CONTEXTO:
O Sítio Beira Serra, é um sítio familiar que está com a família Lotufo desde o ano de 1976, quando foi comprado pelo arquiteto Zenon Lotufo. No ano 2002 o Beira Serra iniciou pesquisas aplicadas relacionadas a Permacultura, recebendo uma série de cursos e encontros de permacultores. O Sítio tem uma série de experiências de arquitetura (como a “Casa de Cupinzeiro” e a primeira casa Geodésica construída no Brasil, projetos do arquiteto Vitor Lotufo), saneamento biológico, artesanatos e produção de alimentos. Hoje vivem seis famílias no sítio.
Desejamos com este curso que a paisagem cultural do Sítio Beira Serra seja uma escola e o processo de construção e projeto seja um equipamento pedagógico dentro do sítio. Pretendemos começar as atividades no Sítio e, ao longo do tempo, o espaço pedagógico migrará para áreas vizinhas, para a cidade de Botucatu e comunidades próximas.
O objetivo deste curso é de educação integral em arquitetura não formal a partir de uma paisagem cultural, começando pelo projeto de uma casa mínima e a construção de um domo geodésico.
Queremos aqui, apenas iniciar um processo, mas como pretendemos que seja contínuo e duradouro, o começo deverá despertar o fortalecimento dos laços entre as pessoas que participarão deste curso.
Temos então um objetivo a longo prazo que é a consolidação de um processo onde todos serão convidados a pensar, projetar e construir arquitetura, começando pela paisagem de um sítio com destino às comunidades da região de Botucatu.
A cada passo dado um território de aprendizagem estará se formando.
CONTEÚDO:
Desenvolver habilidades para ler a paisagem, adquirindo um repertório mínimo e básico que permita iniciar a atividade de projeto arquitetônico a partir do lugar. “Traduzir” a paisagem para entender melhor a história do lugar, como, por exemplo, características do vento, orientação solar, formação do solo, vegetação, uso e ocupação do território. Utilizar os sentidos para captar as múltiplas expressões do ambiente.
Conhecer ferramentas de projeto arquitetônico e planejamento de uma área de intervenção. Projetar uma casa mínima de 12 m2 a partir de premissas sociais e ambientais. Conhecer conceitos de arquitetura apropriada às pessoas e ao lugar. Aplicação de questões sociais e ambientais no projeto. Desenvolver desenhos para serem utilizados na obra.
Finalizar a construção de um domo geodésico com a técnica de Ferro-tijolo. Desenvolver habilidades na construção em terra-crua (pau a pique, taipa de pilão, revestimento grosso e finos). Introdução a uma oficina cerâmica (como fazer revestimento cerâmico e a cuba da pia no atelier). Funcionamento e uso de forja para fazer objetos, puxadores e maçanetas de ferro fundido. Forno de pizza móvel.
METODOLOGIA:
Um programa de imersão aberto a todas as pessoas que desejam desenvolver habilidades de projeto tendo o projeto e a obra como elementos de educação integral, agregando, mobilizando e empoderando.
A parte da manhã será dedicada a atividades de construção e interação com os artesões e trabalhadorxs locais. O período da tarde será o momento de aulas expositivas de conceito e de desenho arquitetônico com foco em baixo impacto ambiental e impacto social positivo. A noite será um momento de apresentações e celebração.
TEMA DE PROJETO:
Casa conceitual: A casa do futuro, transformadora e produtora de recursos. Casa pequena, mínima! Materiais acessíveis, baratos! Arquitetura para todos! O habitat que fomenta a cultura da sustentabilidade, que gera impacto positivo para melhorar a energia que nela chega e disponibiliza-la com qualidade. O modo de vida do futuro, onde todas as casas terão um viveiro e alimentos serão produzidos na casa. Frente as mudanças climáticas, crises sociais e ambientais o lugar da autonomia, que se relaciona com a paisagem, ventos, sol, chuva, relevo, solo e vegetação
EDUCADORXS:
Bruna Jorge:
Diego Tort:
Descobri a BioConstrução em 2011 no TIBÁ (Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura), onde me apaixonei pelo trabalho e morei por dois anos. Lá, trabalhei e fui inspirado por grandes mestres como; Johan Van Lengen, Peter Van Lengen, Jorge Belanko, Gernot Minke, Michel Habbib, Marcelo Pereira, Marcelo da Costa, Marco Aresta, Ernst Götsch, entre outros. Aprendi estudando e colocando em prática diversas idéias e técnicas construtivas, resolvendo dia-a-dia os desafios com os quais nos deparávamos nas construções. Nesse mesmo ritmo, intenção e apaixonado pelo trabalho, sigo conhecendo e bio-construindo com diversos institutos junto com os LowConstrutores.
Flavia Burcatovsky:
Arquiteta e urbanista pela Escola da Cidade.
Permacultora pelo Coletivo Permasampa e Instituto Casa da Cidade.
Faz parte do coletivo Escola Sem muros e do escritório colaborativo Sem Muros, atuando com projetos de arquitetura de baixo impacto ambiental, intervenções urbanas e desenvolvimento comunitário.
Participou de projetos junto com o escritório Al borde, em Quito -Equador e Low construtores descalços em Carrancas, MG.
Desenvolve um trabalho de ações sociais, reconhecimento do espaço e empoderamento da comunidade junto com o coletivo Jovens sem Fronteiras.
Rodrigo Rocha:
Goiano, Arquiteto e construtor, atua como arquiteto projetista na Earth House Australia e coordenador de obras de taipa de pilão na Olnee Constructions em Melbourne, Austrália desde 2015. É um dos fundadores do Coletivo arquitetônico Internacional REARQ, com sede na cidade de Goiânia, que desde 2009 atua em diversas escalas de intervenção: desde edificações e o planejamento de macro áreas. Desde 2010 leciona em cursos de tecnologia de construção no Sitio Beira Serra em Botucatu-SP, além de diversas obras e projetos com o uso da terra como principal material de construção, assim como bambu e madeira, com o foco em desenvolver uma arquitetura contemporânea de qualidade social e ambiental. Formado pela Associação de Ensino de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – Escola da Cidade em 2011, com intercambio universitário na Universidade de Los Andes, Bogotá, Colômbia em 2010. Possui formação complementar em Permacultura, PDC realizado na UNESP em Botucatu em 2011.
Tomaz Lotufo:
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2000). Mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAUUSP (2014). Permacultor (IPEC, 2002). Bioconstrutor. Professor da Pós-graduação “Arquitetura e Sustentabilidade” no Centro Universitário Belas Artes e da Graduação no curso de arquitetura da faculdade Galileu. Educador do curso Design para a Sustentabilidade “Gaia Education”. Participa do núcleo de Permacultura Sitio Beira Serra em Botucatu desde 2003, do coletivo PermaSampa, e do projeto pedagógico Escola Sem Muros. Atua como arquiteto no escritório colaborativo Sem Muros Arquitetura Integrada (www.semmuros.com), onde tem como foco Arquitetura de baixo impacto ambiental e projetos comunitários de impacto social positivo.:
Vitor Lotufo:
Arquiteto e professor, tendo lecionado na área de projeto de arquitetura e estrutura em várias escolas de arquitetura como PUC-Campinas, USP-São Carlos, Mackenzie, entre outras. Autor de Geodesicas & Cia. e Liberdade no Espaço.
Na arquitetura interessou-se sempre em construir mais com menos, utilizar racionalmente os materiais, não produzir desperdícios, encontrar soluções que impactem menos o ambiente, buscando realizar uma arquitetura apropriada. Essas escolhas foram traçando seu caminho singular como arquiteto e educador.
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